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Oséias 6.3a

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Discipulado Cristão

Pastor Ricardo

Introdução

        No meio evangélico sempre se falou muito sobre o tema Discipulado. Existem projetos, sonhos e encontros falando sobre o tema. Por isso, precisamos entender o que é, porque é importante e como nos encaixamos nesse processo denominado Discipulado. Assim, estaremos estudando sobre o assunto, para que possamos nos preparar para o envolvimento nesse projeto que é um projeto que podemos entender que nasce no coração do Senhor.

 

Para pensar...

Vemos um fato que chama a atenção: muitas igrejas têm se envolvido em grandiosas campanhas de evangelização na tentativa de alcançar o maior número possível de novos convertidos. Através dessas campanhas, estratégias, eventos, muitas pessoas são alcançadas e, num primeiro momento, passam a frequentar as igrejas com muita boa vontade e uma boa dose de muita simpatia.

Mesmo assim, há um outro fato que acontece: um número grande desses novos convertidos, precocemente se vê desmotivado, enfraquecido, deixando de lado a permanência nas igrejas. Logo nos primeiros confrontos com os problemas e crises, deixam a fé e não há tempo para sentir as mudanças que o Senhor pode realizar em suas vidas.

Outros, até permanecem nas igrejas. Mas com motivações erradas, com necessidades visuais, para ter em que agarrar a fé. Quando, na verdade, a Bíblia revela que fé "é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem" (Hebreus 11.1). A fé precisa se fundamentar em acreditar e não no que pode ver ou tocar! As coisas que acontecem são consequência natural e não necessidade. Não podemos esperar pelo que pode acontecer para buscar relacionamento com Deus. Ou por aquilo que vemos ou tocamos para sentir esse relacionamento. Precisamos viver isso por fé, e com uma fé bem fundamentada. É aí que entra o discipulado...

        Se há campanhas de evangelização e pessoas são tocadas por esses eventos, por que a realidade de que essas pessoas, em um número grande, deixam de participar de atividades em nossas igrejas? Por que deixamos de ganhar e cultivar tantas vidas? Será que falta algo, além do evangelismo? Acredito que sim. Entendo que muitos falam sobre discipulado, mas poucos vivem de fato essa prática. Alguns até acham viver isso, mas ainda estão longe do plano que, entendemos, nasce no coração do Senhor. Por isso, seguimos escrevendo sobre discipulado


 

Por que o desenvolvimento do Discipulado?

 

        Diante de questionamos que os fatos acima nos apresentam, somos chamados/as a procurar a resposta na palavra de Deus, estando dispostos a ouvir o que Deus nos diz, em vez de provar aquilo que já sabemos. Ao ler Mateus 28.19-20 encontramos uma revelação que alguns pregadores já estão notando: a comissão de Cristo para a sua igreja não é fazer convertidos, mas sim discípulos. Seria realmente isso que está ausente nos trabalhos que realizamos?

        Entendo dessa forma. Acredito que nos empenhamos, mas ainda estamos distantes da idéia de discipulado apresentada na Bíblia. É mais que um programa. Muitos realizam essa tarefa apenas porque são informados que isso é necessário, sem nem entender a profundidade desse trabalho. Outros, querem apenas monopolizar o controle na vida de “discípulos”, querendo definir namoros, decisões, encaminhamentos na vida. Ainda há quem participe de cultos que são chamados de encontros de discipulado, mas que são cultos!

Os dias em que vivemos são realmente difíceis e sentimos cada vez maior convicção de que o “mundo jaz no maligno” (1 João 5.19). Muitas são as vidas que carecem da graça e do amor restaurador de Jesus Cristo. GRAÇA! Muitos nem entendem a grandiosidade do que é GRAÇA!

Não dá pra continuar verificando que pessoas se aproximam do Evangelho, mas acabam deixando essa caminhada de lado. O discipulado, como estilo de vida e não apenas um programa, tem o objetivo de transformar os convertidos em discípulos do Senhor Jesus; pessoas devidamente preparadas para testemunhar, dar frutos e alcançar novos convertidos e discípulos do Senhor Jesus.

Entendo que o discipulado é a ferramenta que permite a capacitação de fato de novos crentes, capazes de agir em nossa sociedade, tanto no que diz respeito ao evangelismo como no aspecto social e político. Jesus fez isso! Sendo Ele nosso maior exemplo, que venhamos a desenvolver de fato o trabalho de evangelismo através do discipulado.

 

Mas... o que é Discipulado?

        “O discipulado cristão é um relacionamento de mestre e aluno, baseado no modelo de Cristo e seus discípulos, no qual o mestre reproduz tão bem a amplitude que tem em Cristo, que o aluno é capaz de treinar outros para ensinarem a outros” (PHILLIPS, Keith. A formação de um discípulo, São Paulo, Editora Vida, 1994, p. 16.).

        Não temos uma visão única, fechada e passiva de definir discipulado. Isso é um processo, um estilo de vida, de caminhada, por isso não tem como ser definido de uma forma. Podemos chegar a aproximações com o que quer dizer discipulado para a implantação de um projeto pautado nesse processo.

        A apresentação de um livro de discipulado pode nos levar a uma visão sobre o tema. Estudos, lições, com o objetivo de se levar um conhecimento e aprimorar uma realidade de vida de acordo com determinadas orientações bíblicas. Um exemplo é: “Este livro contém quinze lições que apresentam, de maneira simples, assuntos essenciais que os novos discípulos e discípulas de Jesus têm interesse em conhecer” (LOCKMANN & CONSTANTINO. Seguir a Cristo: Manual do discipulado, Rio de Janeiro, Setor de publicações da Pastoral Bennett e Ministério Regional de Publicações, 1997, p. 03.).

        Segundo FOX & MORRIS “todas as pessoas são convidadas por Deus a se arrepender, a confiar e seguir a Jesus, a aprender de suas palavras e atos e a compartilhar em sua missão, pelo poder do Espírito Santo e em companhia de outros cristãos” (FOX & MORRIS. Para Compartilhar sua Fé em Cristo, São Paulo, Igreja Metodista, 1998, p. 11.). Discipulado é encontrar-se com a necessidade de arrependimento, confiar em Jesus, aprender e viver as Suas palavras, sendo guiado/a pelo Espírito Santo, vivendo em comunidade com outras pessoas que têm os mesmos interesses.

        De acordo com BONHOEFFER, “quando as Escrituras Sagradas falam do discipulado de Jesus, proclamam a libertação do homem de todos os preceitos humanos, de tudo quanto oprime, sobrecarrega, provoca preocupações, e tormentos à consciência. No discipulado, o ser humano sai de sob o jugo de suas próprias leis, e submete-se ao jugo suave de Jesus Cristo” (BONHOEFFER, D. Discipulado, São Leopoldo, Editora Sinodal, 1980, p.04.). Liberdade para uma vida de acordo com os melhores padrões: o padrão de Deus. Às vezes implica em observar certas coisas, mas na tentativa de se viver melhor.

        BONHOEFFER insiste que “o chamado ao discipulado é, portanto, comprometimento exclusivo com a pessoa de Jesus Cristo, a subversão de todos os legalismos mediante a graça daquele que o chama. (...) O discipulado é comprometimento com Cristo; por existir Cristo, tem que haver discipulado” (BONHOEFFER, D. Op. Cit. P. 21.). Chamado a um compromisso. Necessidade de crescimento a partir desse compromisso.

        ENGLISH mostra uma série de estudos levando em consideração pessoas que tiveram um encontro pessoal ou espiritual com Jesus. Pessoal, aqueles/as que o viram; espiritual, aqueles/as que creram mesmo sem ter visto. Assinala que “este é um livro que fala como as pessoas se tornam discípulas de Cristo e o que significa ser um discípulo” (ENGLISH, D. Para Tornar-se Discípulo: O significado do coração aquecido, São Paulo, Imprensa Metodista, 1995, p. 07.).

KORNFIELD entende “discipulado como uma relação comprometida e pessoal onde um discípulo mais maduro ajuda a outros discípulos de Jesus Cristo a aproximarem-se mais d'Ele e assim reproduzirem-se” (KORNFIELD, D. E. Crescendo na Oração, Série: Grupos de discipulado, vol. 3, São Paulo, Editora Sepal, 1994, p. 07.). Isso reafirma o que já foi abordado.

Disso podemos tirar que discipulado pode ser uma reunião, que deve acontecer pelo menos uma vez por semana, onde alguém que saiba algo (no nosso caso, alguém que tenha certo conhecimento da Bíblia) - mestre - ensina alguém - discípulo. Foi isso que fez Jesus: esteve próximo de várias pessoas ensinando, mas havia doze pessoas que andavam mais próximas d'Ele para aprender e, desses que aprenderam do Mestre (Jesus), nos chegou até hoje o cristianismo. Devem acontecer reuniões, encontros, pelo menos uma vez por semana pois discipulado não é apenas passar um conhecimento, mas um grupo de comunhão. É caminhar junto. É conversar. Não é apenas estudar a Bíblia, uma vez que qualquer ensinamento passado para outra pessoa com encontros de afinidade pode ser considerado discipulado. Estamos trabalhando com discipulado cristão que visa crescimento no cristianismo. É conviver, relacionar-se.

Devemos salientar que o/a mestre (aquele/a que irá liderar esse estudo e os encontros) dará direção ao discipulado, será o/a condutor/a, sendo aquele/a que vai propor algo. Só que o próprio discipulado promove a caminhada e o aprofundamento de relações, e isso sempre implica na seguinte situação: o/a discípulo/a também ensinar o/a mestre/a, que não é dono/a do saber absoluto. O/A mestre apenas acaba direcionando esse aprendizado mútuo.

 

O QUE TEMOS NO DISCIPULADO?

 

        Vemos isso claramente em 2 Timóteo 2.1-2:

 

        Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus; e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.

        Estudando cuidadosamente o ensino e a vida de Cristo, podemos compreender que o discipulado possui dois componentes essenciais: Negação de si próprio e Dar frutos.


1) Negação de si próprio

        Também podemos chamar de “morte do eu”. Vemos isso quando lemos Lucas 9.23-24. O chamado de Cristo para o discipulado é um chamado para a morte do eu, é uma total entrega a Deus:

 

        Em seguida, dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará.

        Jesus nunca implorou para ninguém que O seguisse. Mas para seguí-lo, Ele ordenou que cada pessoa renunciasse seus próprios interesses, abandonasse seus pecados e obedecesse completamente a vontade do Pai (Mateus 8.22; 19.21; Lucas 9.62; João 12.24).

        Sendo assim, cabe-nos um questionamento: quando é que você se torna um cristão, um discípulo de Cristo? Quando levanta as suas mãos atendendo um apelo numa pregação evangelística? Quando se ajoelha diante do altar entregando sua vida? Quando chora sinceramente após a ministração do Evangelho? Não!!! Esses são os “primeiros passos” rumo a essa realidade de ser discípulo, ser cristão!!!

        Devemos nos lembrar que os seguidores originais de Cristo tornaram-se discípulos quando lhe obedeceram (Mateus 4.22). A obediência à ordem de Cristo “segue-me” resulta na morte de si mesmo. Não é possível tornar-se discípulo sem morrer para si mesmo e sem identificar-se com Cristo que morreu para nos limpar de nossos pecados (Marcos 8.34).
        Mas quais seriam as implicações práticas de “morrer para si mesmo”? Como essa auto-renúncia se manifesta em nossas vidas? Para compreendermos isso, devemos meditar em Gálatas 2.19-20:

 

        Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.

 

        Isso é a aceitação do (ou submissão ao) senhorio de Cristo em sua vida, que capacita cada um/a a agradar a Deus em cada decisão que toma, em cada palavra que diz e em cada pensamento que pensa. O discípulo vê toda a sua vida em adoração (1 Coríntios 10.31). Morrer para si mesmo liberta-o para ter prazer em seu amor a Deus. A morte do seu eu é o ponto de partida do tornar-se discípulo.



2) Dar frutos
 

        Dar frutos é uma ordenança de Cristo aos seus discípulos. Eles deveriam reproduzir em outros a plenitude de vida que encontraram Nele (João 15).
        O discipulado possibilita que cada cristão/discípulo faça parte de um processo, parte do método escolhido por Deus para expandir o seu Reino, através da reprodução. Sabemos disso porque Cristo fez discípulos e ordenou-lhes que fizessem discípulos (Mateus 28.19).
        Em meio a “n” possibilidades, Jesus optou pelo discipulado. Ele treinou pessoalmente um pequeno grupo e os equipou para que treinassem outros, para que esses outros pudessem ensinar a outros e assim por diante. Ele ordenou que fizessem discípulos.
        Jesus escolheu um método sólido e eficaz de edificar o seu Reino. Ele iniciaria pequeno, cresceria rapidamente, à medida que espalhasse de uma pessoa para outra, por todo o mundo. Sua igreja seria um movimento dinâmico, em vez de uma estrutura estática. O discipulado é o único meio de produzir tanto a quantidade como a qualidade de crentes que Deus deseja.

 

Conclusão

 

        Essa é a base do discipulado cristão! Anunciar o Evangelho, auxiliar pessoas no crescimento na caminhada, para que outras pessoas ouçam o Evangelho, sejam auxiliadas... E isso não acaba! Até que venha o Senhor!

        Devemos anunciar o Evangelho. Devemos acompanhar os novos convertidos para que cresçam no entendimento da Palavra. E devemos chamar essas pessoas para levar a mensagem do Evangelho à frente!

Que, fortalecidos pela graça do Senhor, possamos anunciar o Evangelho, transmitir essa Verdade que liberta para outras pessoas que possam entender isso: a necessidade de se fortalecer na Graça do Senhor e levar a mensagem à frente, até que o Senhor venha!

 

Bibliografia

 

1. ADAMS, J. E. Conselheiro Capaz, São Paulo, Editora Fiel, 1993 (7ª edição).

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3. ALMEIDA de, J. F. Bíblia de Referência Thompsom com versículos em cadeia temática, Deerfield (Flórida - EUA), Editora Vida, 1990.

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5. BAXTER, J. S. Examinai as Escrituras - Jó a Lamentações, vol. 3, Edições Vida Nova, São Paulo, 1993.

6. BONHOEFFER, D. Discipulado, São Leopoldo/RS, Editora Sinodal, 1995.

7. CASTRO, C. P. A cidade é a minha paróquia, São Bernardo do Campo, EDITEO, 1996.

8. CLINEBELL, H. J. Aconselhamento Pastoral: Modelo Centrado em Libertação e Crescimento, Paulinas/Sinodal, São Paulo/São Leopoldo, 1987.

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10. ENGLISH, D. Discipulado Cristão, São Paulo, Imprensa Metodista, 1977.

11. ____________. Para Tornar-se Discípulo: O significado do coração aquecido, São Paulo, Imprensa Metodista, 1995.

12. FERREIRA, A. B. de H., Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa, Folha/Aurélio, de 10/94 a 02/95 - fascículos semanais.

13. FOX & MORRIS, Anunciemos o Senhor: A evangelização na virada do século, São Paulo, Imprensa Metodista, 1994.

14. ____________. Para Compartilhar Sua Fé em Cristo, São Paulo, Igreja Metodista, 1998.

15. GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro, Objetiva, 1995.

16. HENDRICKS, H. Ensinando para Transformar Vidas, Venda Nova/MG, Editora Betânia, 1991.

17. KORNFIELD & de ARAÚJO. Implantando Grupos Familiares: estratégia de crescimento segundo o modelo da Igreja Primitiva, São Paulo, Editora SEPAL, 1995.

18. KORNFIELD, D. E. Crescendo na Oração, Série: Grupos de discipulado, vol. 3, São Paulo, Editora Sepal, 1994.

19. KÜMMEL, W. G. Introdução ao Novo Testamento, Nova Coleção Bíblica nº 13, São Paulo, Edições Paulinas, 1982.

20. LANE, S. T. M., O que é Psicologia Social, São Paulo, Editora Brasiliense, 1981.

21. LOCKMANN & CONSTANTINO. Seguir a Cristo: Manual do Discipulado, Rio de Janeiro, Setor de publicações da Pastoral Bennett e Ministério Regional de Publicações, 1997.

22. PHILLIPS, Keith. A formação de um discípulo, São Paulo, Editora Vida, 1994.

 

Forte abraço.

Em Cristo,

Ricardo, pastor

 

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